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quarta-feira, 3 de abril de 2013

RELATÓRIO - 7º CONGRESSO INTERNACIONAL DA ANAMATRA


Por PAULO HENRIQUE CONTI


2º DIA

FORMAÇÃO DE JUÍZES

A programação do segundo dia iniciou no Federal Judicial Center (FJC), por seu Diretor o Juiz Federal JEREMY FOGEL.

O FJC foi criado por lei em 1967 e é um órgão do Judiciário, dotado de independência, com a função de ensino e pesquisa. Possui um orçamento anual de US$ 27 milhões e um quadro de 129 servidores. A maior parte desse orçamento é gasta em transporte e hospedagem de pessoas para cursos. Anualmente seu diretor deve depor no congresso prestando contas do que foi feito com o orçamento e apresentar proposta para o orçamento futuro.

O FJC faz treinamentos não apenas para juízes, mas também para os servidores das cortes e auxiliares diversos.

Como nos EUA os juízes provêm da advocacia, com muita experiência, os treinamentos são focados basicamente nas diferenças dos papeis do juiz e do advogado, e não sobre direito material. Algumas coisas são próprias dos juízes, como a técnica de sentenciar, a gestão procedimental (management of cases, case flow), bem como o uso de tecnologia na gestão das cortes.

Todo o treinamento é voluntário, mas a maioria dos juízes comparece. Como são muito ocupados, é necessário atrai-los tornando as atividades interessantes.

A educação judicial deve ser, na medida do possível, neutra. Se um professor é conhecido por um determinado ponto de vista, deve ser convidado outro professor com ponto de vista contrário. Há também muito material publicado, especialmente no formato de manuais.

Há várias técnicas de ensino. Evitam palestras, pois isso é enfadonho. Tentam focar em aprendizado experiencial. Fazem casos hipotéticos para debate, inclusive sobre dilemas éticos.

Estão desenvolvendo técnicas de ensino a distância para reduzir custos e facilitar acesso, embora alguns treinamentos devam ser necessariamente presenciais. Para tanto, há no prédio um estúdio de televisão onde se produzem materiais audiovisuais. Aprenderam muito sobre isso com o tempo. Hoje fazem vídeos mais curtos e colocam links de referência para quem quer se aprofundar. Todavia, é certo que os Juízes americanos não gostam dessas técnicas de ensino a distância.

Fazem estudos e divulgação para a sociedade sobre a história e a importância do Judiciário. Outra importante tarefa é a pesquisa para o aprimoramento do Judiciário.

A Diretora de Relações Internacionais do FJC. Ms. MIRA GUR-ARIE, esclareceu que o órgão também fornece assistência técnica ao Judiciário de vários países, inclusive em relação a pericias e organização judiciária, na medida em que a gestão de casos é um desafio em todo o mundo.

Não se ensina apenas a lidar com o volume, mas também a tornar mais eficiente o fluxo processual. Para tanto, o FJC faz pesquisas e relatórios de lugares onde os casos fluem melhor. As pesquisas auxiliam muito e os pesquisadores são enviados por vezes a outros países para conhecer outras realidades. Eles também recebem juízes pesquisadores de outros países. No ano passado receberam o juiz federal brasileiro Dr. Fausto de Sanctis, fazendo um estudo sobre lavagem de dinheiro.

Fazem muitos treinamentos em inovações tecnológicas. Para isso há um grupo de juízes adeptos da tecnologia. Também se faz muita pesquisa judicial sobre tecnologia.

Os juízes podem lecionar, mas não podem ganhar mais de 20% de seus ganhos pessoais nessa atividade.

Um dos grandes problemas é como avaliar os resultados das ações de treinamento? Afirmam que não sabem mensurar o impacto das ações de formação na atividade jurisdicional. Ainda não foram construídas técnicas seguras de avaliação das ações formativas.

PAULO HENRIQUE CONTI

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